sábado, 31 de dezembro de 2011

Clarisse

E ali estava ela forte e delicada, mesmo depois de tudo que lhe acontecera. Estava ali, naquela velha casa, sentada perante sua janela preferida e observando através desta, o doce balançar das folhas das árvores. Por algum motivo, aquela cena sempre lhe chamara atenção, desde quando ainda era um bebê. E como era de se esperar, as coisas não mudaram muito desde aquela época. Ela sempre soube que entender a vida seria uma coisa tão simples e tão valiosa, que as pessoas jamais poderiam notar. Sim, pois estaria tão óbvio para elas que jamais desconfiariam. E assim, passariam pela vida sem ao menos ter parado para observar o doce balançar das folhas das árvores.


Depois daquele acontecimento de tanto impacto em sua vida, ela sabia que as pessoas a tratariam de modo diferente. Talvez por sua atitude, talvez pela gravidade do fato. Ou talvez por não desconfiarem do que se tratava propriamente. Mas ela sabia, no seu íntimo, que a ideia das outras pessoas não tinha a menor importância. Ela tinha coisas mais importantes para se preocupar naquele momento.


Que era especial, poucos sabiam. Não por ser melhor que alguém, mas por saber observar. Coisa que grande parte das pessoas não sabia. E observar ela sabia muito bem. Foi observando que conseguiu entender desde as coisas mais simples até as mais complicadas. Foi observando que compreendeu que para entender o complicado, é preciso apenas entender o simples.


E o simples naquele momento era o doce balançar das folhas das árvores. E o complicado, a vida. Naqueles traços da antiga casa, ela pôde se lembrar de muita coisa. De que não adianta cair numa hora tão decisiva, afinal os segundos seguintes servirão apenas para reerguer. E muito provavelmente não haverá ninguém para ajudar. Como não havia naquele momento.


O cantar dos pássaros, o soprar do vento, aquele sentimento que insistia em estufar- lhe o peito só indicavam uma coisa. E ela sabia o que era. Tinha de levantar, de seguir em frente, mas sem esquecer a leveza no modo de ver as coisas, de olhar para o mundo, para o outro e para ela mesma.


Partindo de si mesmo era possível entender o universo, e ela sentia isso. E sentada ali, perante sua janela preferida, pensou em tudo, na vida que levara até ali, nos acontecimentos recentes. Mas pensou, principalmente, sobre o doce balançar das folhas das árvores. 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Ímprobo

Sinto muito lhe dizer, mas te amo
Amor doce, inconsequente, quente.
Como posso te abandonar
Se só em ti tenho um lar?

Não sei se sou para você
O que és para mim,
Mas não importa,
O tempo dirá.

Capaz de pôr a mesa, desejar bom dia
Me fazer a mais feliz
Mas também, num golpe súbito
Conhecer o calor do inferno.

Teces tuas palavras em meu ouvido
Toma-me em seus braços.
Eu sei, sou sua
E não há como fugir.

Teu calor, teu gosto e teu cheiro
Inconsequente, inconsciente, ímprobo.
Meu coração é seu
Seu coração é meu.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A casa dos espelhos

Não sei porque te dei esse nome, só sei que lhe caiu tão bem, que nem convém pensar no seu significado. Lembra quando nos conhecemos? Eu nem sabia direito qual era seu nome, tão pouco quem você era. Mas te quis. Sei que no começo preferia outro alguém e logo depois descobri que ninguém se compara a você. Lutei e consegui. Foi como num golpe de sorte. E foi incrível. Fui te descobrindo pouco a pouco. Ai conheci aqueles que chamaria de amigos. Ai você foi se tornando minha vida. O quanto eu me dediquei, o quento eu lutei. E como num passe de mágica, você, incrivelmente, foi me mostrando imagens que faziam parte de outras almas, mas também faziam parte da minha. Como eu te amei, como eu te amo. Nas suas paredes está minha história contada por você mesmo. Foi pra você que eu corri quando eu não tinha casa. Enfim, obrigada. Eu jamais vou te esquecer. Você está em mim como uma tatuagem.




COLTEC UFMG.

sábado, 5 de novembro de 2011

Raiva

As relações interpessoais são muito difíceis. Mesmo com aquela pessoa a quem se dedica amor e carinho. Uma opinião diferente pode ser o suficiente para levar a uma briga. E ai, para dizer o que não deve ser dito é um pulo. Magoar é uma das alternativas mais escolhidas nessas situações. Se não for magoar o outro, magoar a si próprio. Quantas coisas são ditas indevidamente, embaladas pela raiva. Quantas coisas são feitas de impulso e que depois, causam um arrependimento enorme. O que sobra de uma briga, muitas vezes não pode ser reconstruído com desculpas. Aquilo que se quebra pode se colar um dia, mas os desenhos dos cacos permanecerão para sempre.
A voz se exalta, as mãos começam a tremer e as palavras, vestidas num amargo veneno, expressam, erradamente, fatos distorcidos de propósito.
A pessoa com quem se briga passa a não ser, mesmo que por um tempo, tão querida e tão amada.

A raiva é quente e amarga. O rosto parece querer explodir, o coração parece querer saltar do peito. Sintomas típicos de uma das emoções humanas. Sim, é emoção humana, mas não precisa levar, por causa disso, a atitudes estúpidas.

É necessário manter a calma, pensar muito no que fazer para que, depois, não seja preciso pedir desculpas e correr o risco de enfraquecer sentimentos.

Discutir, debater ideias é necessário. Brigar, não é.

domingo, 9 de outubro de 2011

Renato.

 Renato Russo, líder da Legião Urbana e o homem mais inteligente e sinsível que já vi. Eu não o conheci, claro, mas a partir das histórias e de tudo que a própria mídia apresenta sobre ele, já me convenci disso. Com perguntas sem respostas, ele considerava não ser desse mundo, dessa confusão e desse desrespeito.

Resta a sensação de que nasci na época errada porque, infelizmente, não pude ver a melhor banda brasileira em ação. Eles conseguiram atravessar gerações, vencer o tempo e levar o que pensavam e sentiam a muita gente. Com letras atemporais, tudo que eles disseram naquela época ainda faz total sentido.

Renato é meu herói. Um herói de verdade. Ele não tinha poderes especiais, não subia em paredes para salvar mocinhas, não. Era MUITO mais que isso.
Meu herói sofria com todos os problemas enfrentados pelo Brasil.
Meu herói era alcoólatra, oscilava entre momentos bons e momentos horríveis. Meu herói era um romântico declarado, homossexual e morreu de AIDS.
Meu herói era autor de letras de músicas incríveis que tocavam e continuam tocando pessoas no mundo todo. Meu herói conseguia, com excelência, traduzir em palavras todos aqueles sentimentos que não desapareceram com o tempo, e mais, consegue através dessas músicas, fazer com que as pessoas sintam o mesmo que ele sentia.
Meu herói era um gênio, simples, sensível e altruísta. E quem eu lamento muito não ter conhecido.
Afinal, seu corpo se foi há 15 anos, mas suas ideologias, seus sentimentos e as causas pelas quais ele lutava ainda continuam vivas. Pelo menos em mim.

domingo, 25 de setembro de 2011

Os doces ventos frios.

São esses ventos frios em tempos de verão que passam e desorganizam meus pensamentos. Levanta-os e os fazem levitar numa suave dança sem destino. São eles, os ventos, que me fazem não saber o quê dizer e qual deve ser o pensamento de determinada situação. E eu não sei como evitar, não sei como parar. 
Há horas em que tudo que se deve fazer é esquecer. Esquecer de todos esses pensamentos que os ventos puseram em grande confusão.
Esse verão que chega pedindo licença a adoráveis temperaturas baixas. Chega devagar e trazendo uma vontade de... O que é mesmo que devo dizer? Ah! Os doces ventos frios me confundiram de novo.
Não sei o que fazer, qual caminho seguir. Não é medo de errar, é medo de magoar. Isso não. Isso os doces ventos frios não são capazes de fazer passar. Nem o verão. Bem, talvez o verão. Com esse ar de renovação, um sol que, como nunca, se faz presente. Isso sim, não confunde os pensamentos.
Então talvez eu deva esperar os ventos frios passarem. O verão se acomodar. E, ai sim, meus pensamentos têm alguma chance de pararem de dançar e voltarem para o devido lugar.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Lost on the Road

Hoje eu me perdi numa estrada que conheço muito bem. Estrada do que eu sou e do que eu poderia ter sido, estrada do que eu sou e da ideia que os outros fazem de mim. Mas o que é isso? Qual será  a verdade? Qual de mim é a verdadeira eu? Sou tudo isso e muito mais? Não sei... E, sinceramente, tenho medo de descobrir. Medo de ir a fundo e encontrar o meu limite. Talvez o medo seja de este não mais existir. Tenho mudado tanto desde que me conheci...


Saudade das pessoas que guardam ainda um pouco do que eu fui e do que nunca mais serei. Eu também ainda guardo um pouco do que elas foram comigo. Passado, Presente e Futuro. Talvez eu nunca consiga entender essa linha imaginaria chamada tempo que separa os três.

Meu corpo não guarda lembranças, meu corpo é a lembrança viva de tudo que eu vivi, de tudo que vi e fiz. As coisas e pessoas que eu perdi nessa estrada, as coisas e pessoas que eu achei nessa estrada. A minha estrada. Lugar que conheço tão bem, mas que sempre me perco quando volto nele.
Deveria mesmo pensar nessas coisas ou simplesmente viver sem tantos "detalhes"? Não sei...
Talvez eu volte tantas vezes à essa estrada pra descobrir o verdadeiro sentido de tudo isso, da minha existência, de quem eu sou.

Muito prazer, eu sou... alguém em eterna transição pairando sob a lua, perdida numa estrada cheia de caminhos obscuros, mas cheios de emoção!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Cilada sem Saída

Difícil enxergar algum caminho nesse emaranhado de pensamentos e sentimentos. Difícil entender qual a hipótese mais plausível e a quem apoiar. É muito difícil se decidir, decidir a quem escutar e como descobrir tudo aquilo que existe. E por falar nisso, existe muita coisa. E como descobrir todas elas? 
É um passado que se constrói aos poucos e um presente estruturado naquilo que ficou para trás. Isso é a construção da personalidade. Os jogos, as manipulações e tudo aquilo que se faz sem saber, inconscientemente.
O medo fundamental, o desejo fundamental. O objeto no qual a mente se baseia para articular.
Disputa de várias faces de uma mesma pessoa.
Cilada criada por conta própria, meio de suprir necessidades vitais: ordem, carência, sucesso, identidade, sabedoria, segurança, prazer, independência e paz.
Quem é você? Descubra-se sob os medos e os desejos, a fúria, o pecado. 
Cilada convenientemente criada por você e só terá saída se tiver ajuda.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Gaiola

Da janela de vidros fechados, um sol embaçado
Suspiros, gemidos e gritos;
A vida rotineira, o sentimento naufragado.

Já não se sente mais a euforia, alegria.
O sorriso há muito se foi
Atos foram perdidos, ninguém se atreveria...

Realidade esquecida, um outro mundo sobressai
Esquece-se da própria vida, cria, inventa e não vive
Refúgio tranquilizante que, como nunca, atrai

Estudos, pesquisas complexas, anos guardados
Empoeirados, mofados, escondem o perfume da vida,
Quando toda a verdade rica está em gestos, versos delicados

No perfume de uma flor, no formato da lua,
No caminho já traçado de uma gota de orvalho acariciando uma folha
Ai está a felicidade. Limpa. Sem segredos ou mistérios, nua e crua.

Felicidade que muitas vezes se perde nos labirintos do talvez
Mas que só pode ser achada no caminho do coração.

sábado, 30 de julho de 2011

Caparaó: Subida ao Pico da Bandeira


Quarta, 13 de julho.

Após acordamos e pegarmos todo o material que seria preciso para a caminhada à noite, saímos por volta das duas horas da manhã. Fazia muito frio, mais precisamente -7°C no Terreirão. Estávamos muito bem agasalhados e equipados.
A caminhada começou um tanto turbulenta e confusa. A lua, soberana, estava um pouco mais perto de nós. Linda, quase cheia. É interessante caminhar à noite, afinal, não é muito perceptível o tempo de caminhada e a distância percorrida. Tudo corria relativamente bem, até que Lucas começou a passar mal. Sentia-se tonto. Paramos algumas vezes para que ele pudesse se recuperar. Zé Dú também teve um mal-estar e decidiu ficar no caminho.
Caminhamos não tão depressa e com algumas paradas e, apesar do desconforto de Lucas e das dificuldades do percurso, a caminhada era agradável. A paisagem que nos rodeada era lindíssima. As montanhas ficam incríveis à noite. É uma sensação de que a vida é um sonho e de que todas as outras coisas se tornam pequenas perto daquela imensidão. “As pessoas não morrem, elas apenas acordam do sonho da vida.”. Eu começava a acreditar nessa afirmativa. “O mundo é meu, mas ele continua acontecendo sem mim.”.
Como fato inesperado, tive outra vista inesquecível: o pôr-da-lua. Estava amarela e se punha rapidamente. Imagem inesquecível e tão pouco comentada. Lindo.
Afinal, chegamos ao pico por volta das cinco horas da manhã. Ventava muito e o frio era incômodo. A Temperatura devia estar em torno dos -10°C. Parecia um acontecimento surreal. “A vida transbordava os olhos.”
Como ventava muito, Ricardo nos colocou juntos, deitados e cobertos no pico. E assim ficamos um do lado do outro, bem juntos, olhando para o céu incrivelmente estrelado e bem mais perto do que de costume.
De surpresa, Zé Dú chegou ao pico. Conseguiu se superar e continuou a caminhada sozinho para ver o nascer-do-sol.
Algum tempo depois, aproximadamente cinqüenta minutos, o sol começou a nascer lentamente. Só nesse momento nos levantamos e eu pude ver, do alto do pico da Bandeira, tudo aquilo que eu não sei definir. A paisagem que se via do alto se assemelhava a uma pequena maquete do estado de Minas Gerais.
Depois de algum tempo tirando fotos e aproveitando a paisagem, começamos a descer.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Versão Original

Há tanto para se dizer, há tanto para se descobrir!

Eu não quero muito, quero apenas o melhor que eu posso ser.
Quero isso de mim e de você.
Dedicarei-me a você e a mim mesma.
Farei de mim a melhor forma, o melhor retrato. 
Escolherei, dentre tantas que sou, a que sou melhor.
Melhor para mim, melhor para você. Merecemos isso, não é mesmo?

Quero ser rica, quero ter sucesso, quero ter um corpo digno, quero ser a melhor. É pecado?

Quero ser rica espiritualmente, ter a humildade de reconhecer tamanha pequenez. Ora, serei rica quando conseguir aceitar minha pobreza.
Quero ter sucesso quando tentar conversar comigo mesma, quero minha atenção, quero todos os meus olhares voltados para mim. Só assim estarei livre para perceber todas as minhas limitações.
Quero ter um corpo digno. Sei que possuo meu  corpo, mas meu corpo não me possui. Não sou apenas esta carne regada a sangue. Sou mais que isso, não tenho definição.
Quero ser a melhor de mim, minha melhor versão.

Sem nexo, sem começo e fim.
Assim como esse texto.

sábado, 18 de junho de 2011

...

Talvez renascer seja bom. É isso que eu espero.
Estranho tentar se conformar que as coisas podem não acontecer de acordo com o desejo de cada dia.
Mesmo assim continuarei desejando, nadando contra a maré, como eu  sempre fiz.
É mais emocionante, mas não é por isso que nado contra a correnteza. É porque sou assim e, na maioria das vezes, meu desejo não vai de encontro á realidade. Não importa, continuo vivendo.
Essa força da qual sou feita já me levou a muitos lugares, mas um, em especial, se mostrou minha essência. Não me prendo a esse lugar, pelo menos não pretendo me prender, mas sei que no fim é para lá que meus pés me guiarão.
Imã? talvez. Talvez esse lugar que me refiro não seja exatamente um lugar. Mas sabe como me reconhecer. Talvez porque seu refúgio seja meu peito.
Do futuro, mais uma vez, não posso esperar nada. Não posso afirmar nada. Mas agora, neste momento, é eterno, é pra sempre. É  a minha alma escapando do meu corpo simplesmente porque para ela não existe espaço definido para existir. Me despedaço no infinito, em pequenos cacos de sentimentos.
Me reconstruirei na hora certa, Ajuda.
Me reencontro aos poucos quando me procuro em você.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Lucidez Insana

O que faço eu nesse mundo de insanos?
O que quero eu com tamanha lucidez?
Não importa, pois se minha lucidez é fruto de uma sanidade perdida
Num caminho sem volta, numa esquina...

Sozinha, entorpecida de seriedade.
Perdida em labirintos que a mente planejou com excelência.
Enganada por mim.
Traída pelo meu eu.


Enquanto pessoas fingem que estão bem
Que se gostam, se lambem.
Uma falsidade vinda do medo da solidão.
Do se conhecer.

Enquanto elas mentem dizendo estar tudo bem
Eu sucumbo à minha lucidez insana
Me aceito, me descubro.
Louca.

O que faço eu nesse mundo de insanos?
O que quero eu com tamanha lucidez?
Não importa, pois se minha lucidez é fruto de uma sanidade perdida
Num caminho sem volta, numa esquina...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Morda X Vite

Dizem que viver é morrer um pouco a cada dia.

Assim fica difícil encarar as coisas.

O único jeito é querer continuar morrendo por muito tempo.

sábado, 14 de maio de 2011

Sentimentos

A tristeza traz o frio. Aquela melancolia enorme em que eu fico mergulhada me traz o inverno. Não que esta estação do ano seja ruim, mas apenas requer um cobertor e, de preferência, um colo. A tristeza também é assim. Chega calada e toma o meu ser. Me domina de um jeito que eu não consigo me conter. Me entrego ao sentimento de um jeito que eu não me entrego a nada. Sinto tão profundo que a dor se torna física. Não me importa se isso é coisa de gente que não é evoluída. Eu quero sentir e vou sentir. Para mim a vida não tem sentido sem sentimentos, então vou sentir os meus com a maior intensidade possível, vou ser os sentimentos sem pensar em nada. Apenas sentir. O  meu grande defeito é que eu tenho o coração no lugar da cabeça. Mas isso também não importa. Levo minha vida do jeito que acho q ela fará algum sentido. E sentido para mim meu caro, é sentimento.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Selvageria

O mundo vai caminhando, só não se sabe para onde...
Tenho a impressão de que estamos deixando de ser humanos para ser animais. Animais que vivem numa atividade predatória, querendo matar e dilacerar uns aos outros.
Povos vibram pela morte de um homem que planejou um atentado que matou dezenas de pessoas. Torcedores brigam entre si sem nem saber o motivo: começa uma verdadeira guerra. Apenas se vê um bando de gente batendo e machucando como animais em atividade de caça.
Jovens viciados que se perdem nas esquinas da vida tentando achar a família que não têm.
Quanto mais sangue derramado, melhor. Quanto mais guerra, melhor.
Bandidos matam por dinheiro. Policiais se corrompem e desrespeitam as pessoas "civilizadas".
Qual é o seu preço? 3 mil reais, ou você está em liquidação? Vendi minha alma ao acaso e ele não me pagou...
E ainda eles têm a ousadia de dizer que o inferno é constituído por capetas de chifres vermelhos e forcados em suas mãos. Eu discordo. Os capetas são mais bonitos do que ilustra esta teoria e o inferno é aqui e agora.
Loucura.
Prefiro acreditar que tudo isso que está acontecendo é anormal e que um dia, se trabalharmos duro, conseguiremos mudar esta realidade.
É uma sensação estranha de que enlouquecemos, esquecemos que podemos pensar, ser racionais.
Selvageria.
O nosso mundo tem um tumor no coração e se não tratado às pressas, morrerá daqui a pouco tempo.

domingo, 24 de abril de 2011

Páscoa

Mesmo sem fazer jejum nem quarentena, a Páscoa aconteceu de um jeito que não esperava.



Dentre tantas coisas que o dia apresenta hoje, uma delas me chama atenção. Como pode existir um ser tão pequeno e tão limitado e ao mesmo tempo ser o ser mais complexo e imenso? Não sei, mas eu sou esse ser. Há algum tempo parei para pensar nas pessoas, sobre elas. Sem dúvida, a vida mais completa e mais bonita criada por Deus. É também a mais mesquinha, dotada de uma pequenez incrível. Sou muito mais do que eu mesma posso imaginar e dizer. Sou como o mar, uma imensidão que talvez eu nunca conhecerei por completo. Talvez não seja capaz de mergulhar em mim mesma e descobrir os meus mais profundos segredos. Eu sou infinita e limitada dentro de mim.


Também hoje pude perceber o mal que existe em  mim. Ingrata, ridícula e limitada. Pequena, mesquinha e injusta. Todos por mim e eu por ninguém. Do que vale tudo que tenho se não sei reconhecer tudo que preciso ser? É muito mais que um chocolate ou um ovo de Páscoa. Falo da bondade, do perdão, da atitude nobre. De querer o bem mais que tudo.  De tudo que são para mim e de tudo que não sou para ninguém.
Pobre, pobre por achar que faço alguma coisa de útil, de bom.
Agora vejo o quanto sou puxada para trás quando acredito em verdades ignorantes.

Hoje, uma das páscoas que mais valeu à penas viver. Sim, apenas por ter tido esse sentimento. A percepção de que o mundo continua sem mim, mas eu não continuo sem o mundo, seja este qual for.

domingo, 10 de abril de 2011

Carpinteiro do Universo

Raul Seixas
Carpinteiro do universo inteiro eu sou
Não sei por que nasci
Pra querer ajudar a querer consertar
O que não pode ser

Não sei, pois nasci para isso e aquilo
E o enguiço de tanto querer
Carpinteiro do universo inteiro eu sou

Estou sempre
Pensando em aparar o cabelo de alguém
E sempre tentando mudar a direção do trem
À noite a luz do meu quarto eu não quero apagar
Pra que você não tropece na escada quando chegar

Carpinteiro do universo inteiro eu sou
Carpinteiro do universo inteiro eu sou

O meu egoísmo é tão egoísta
Que o auge do meu egoísmo é querer ajudar
Mas não sei por que nasci
Pra querer ajudar a querer consertar
O que não pode ser

Não sei, pois nasci para isso e aquilo.
E o enguiço de tanto querer
Carpinteiro do universo inteiro eu sou
Carpinteiro do universo inteiro eu sou, assim.
No final
Carpinteiro de mim


sábado, 9 de abril de 2011

Sacola no Liquidificador

O que faz essa loucura? Este medo que paralisa, este gosto amargo da paranóia.
Quero me mexer, mas minhas pernas não me obedecem.
Quero gritar, mas a voz não sai da garganta.
Medo de temer, medo de ter, medo de perder.
Sacolas no liquidificador, tentar evitar o futuro, ou pelo menos fazer com que ele aconteça de uma forma menos dolorosa.
Deixe-me aqui quieto, mas não demore a vir me buscar.
Não esqueça de rezar por mim. Por favor, não...
Medo, medo da chuva, medo do escuro, medo da morte.
Medo puro e simples. Medo do novo, aquilo que paralisa.
Ahhhhhhhhhhh
As sacolas no liquidificador, para evitar que um dia nos falte. Nos falte o quê? Não sei. Só espero que não falte.
Também não importa. Importa é que estejamos seguros. Seguros de quê? Também não sei. Seguros de tudo, de qualquer coisa.
Medo. Paranóia.
Homem que nada teme é homem que nada ama...
E o homem que teme demais?

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Inocência

Um doce, uma bala
O balanço.
Balanço do vento, balanço das folhas
Balanço das palavras que dizíamos no passado
bla, bla, bla, 
Como isso era importante para mim!

O carinho, a peteca.
A amizade fácil, gentil.
O ombro amigo de uma forma tão sutil.


Inocência. 
O que de mais valor existia era a amizade.
Uma bala dividida.
Os quatro  cantos.
Onde você se escondeu?


As promessas.
Juramos, num dia de sol, aquilo tudo seria para sempre.
E por que não é?

Amigo, onde você está?
Saudade daquela época. 
Caretas, o medo das histórias de terror.


O cheiro da flor.
A saudade que tenho de você.
O suspiro que dou  ao me lembrar daquilo tudo.


Passado.
Eu era feliz.
Eu era inocente.

terça-feira, 29 de março de 2011

Estão inflando nosso ego com ar para tampar e ocupar os buracos de nossa alma...

segunda-feira, 28 de março de 2011

Marionete

Hoje é mais fácil lutar sozinho. Pessoas a todo momento travam guerras contra as outras, quando na verdade, o inimigo está dentro delas mesmas. Isso não leva a lugar nenhum. Só há melhora quando há uma mudança interior, guerra contra os próprios demônios. Esses sim são extremamente poderosos.

As paredes do quarto nos bastam hoje. Não se conta com mais ninguém. Não se confia em mais ninguém. Mais cedo ou mais tarde o "amigo" nos trairá e nos abandonará. Também, é melhor assim.É esse tal amigo que vai receber a culpa quando tudo der errado, quendo tudo desmoronar. É mais fácil lidar com as paredes do quarto. É fácil convencê-las que sempre estamos certos, elas nos entende como ninguém! Ah, as paredes do meu quarto!

Uma bela maquiagem, umas compras e tudo bem! A alma está lavada. É tudo que precisamos para nos sentir bem. Como é ótimo vestir uma roupa que cai bem. Ainda somos bonitos e estamos em forma. Os problemas ainda têm solução! Doce ilusão...

Se o objetivo era construir marionetes fracas, sem identidade e sem capacidade de pensar, o objetivo foi atingido com sucesso!

Estão lhe roubando o direito de pensar e você não faz nada?
Ditam onde você de ir, escolhem as suas compainhas e você aceita tudo isso com um inocente sorriso no rosto.  
É bom ter contato com pessoas famosas....
E quanto mais eles falam, mais eu acredito...


"Se pudéssemos guerrear com nossos próprios demônios, seria fácil mudar o mundo mesquinho em que vivemos..."

Além de alimentar os nossos queridos demônios, ainda guerreamos com outras pessoas, evitando o aperto de mão de um possível aliado...

Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz,
Coragem, coragem, que eu sei que você pode mais! (Raul Seixas - Por quem os sinos dobram)

Boneca de cera

Vestígios de quem eu fui um dia enterrados em  caixas contendo cartas que revelam o passado.
Em cada letra, em cada palavra, a lembrança de "Nós" que não existe mais... O que nos unia se desfez de uma forma tão indolor que nem pude perceber que íamos nos afastando um do outro. Quando dei por mim, aquele jovem casal não mais existia. Era eu, uma garota que se congelava com o frio vindo do próprio coração... um inverno que você trouxe. Você, um cara que tinha o brilho dos olhos ofuscado. Mesmo que ainda restasse algum tipo de sentimento entre nós dois, com certeza não era o suficiente para nos manter juntos. Fato. Na vida, nem sempre as coisas acontecem como o planejado. Independente de qualquer coisa, a nossa lembrança permanecerá para sempre em mim. A pessoa que eu fui com você, tudo que eu fiz e senti, ninguém poderá me dar de volta. Aquela pessoa que eu fui no passado vai ser para sempre sua. Única e exclusivamente sua.
 Novas pessoas, novos caminhos. Jamais esquecerei o seu gosto. Mas como tudo nesse mundo muda, eu mudei e o gosto que desejo sentir agora não é  mais o seu.

Em mim você é eterno.


Adeus.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Romeu

Esqueci minha boca no teu corpo
Pensei que isso te faria meu
Usei de artifícios, gastei Meus truques
Depois, quem escapou fui eu

Não pense que eu não desejei
Não diga que eu não quis
é só que eu me assustei
Ao me ver tão feliz

Colei os meus olhos no teu mundo
Guardei cada passo teu
Mas eu, julieta, presa nesse pacto
Você, o meu romeu

Entenda esse lado bom
Nem tudo é aflição
Ficamos com o sonho
Ao invés da punição

Não pense que eu não desejei
Não diga que eu não quis
É só que eu me apavorei
Ao me ver tão feliz


Pitty e Martin - Agridoce

quinta-feira, 17 de março de 2011

Des-Construindo Amélia

Já é visível onde ela se perdera da sua identidade. Perdeu numa dessas esquinas da vida, conversando com alguns amigos e em conflito consigo mesma. Se não fossem nessas circunstâncias, teria sido em outras, por outros motivos. Essa perda foi fundamental. Aquela velha identidade perdida talvez não fosse a verdadeira. 
Neste momento caía por terra todo e qualquer conceito que ela contruíra com tanto esforço. As definições de certo e errado desapareceram de seua mente. Agia apenas com a emoção. Era sua essência.Culpada ou inocente? Tanto faz. Na vida, em algum momento, todos são réus e sem culpa.
Apenas algum tempo depois foi percebendo que ela própria se destruiu e não estava se reconstruindo, estava apenas lambendo seus cacos. O que faria agora? Nem ela, nem ninguém sabia. Estava vivendo naquela angústia, a procura de uma identidade velha e perdida que, por algum motivo, ela julgava ser a verdadeira. Estava enganada.
Foi cavando e revirando as coisas dentro de si. Procurando retratos velhos que lhe mostrassem quem ela era. Em vão. Desesperada, procurava explicações. Estava sucumbindo pouco a pouco e lavndo consigo as suas relações. Estava tudo em destroços e agora ela procurava se reerguer.
Conheceu alguém que lhe falava dela mesma, coisas que ela não reconhecia conscientemente. De tanto procurar e pensar, foi descobrindo toda a verdade sobre si mesma. Descobriu que era impossível encontrar aquela identidade perdida. Até porque, aquela não era a verdadeira. Percebeu a imensidão que era. Aceitou seus defeitos. Tudo agora parecia mais claro, mas não era fácil saber de sua existência. Pouco a pouco reconstruía seus conceitos, ou até mesmo deixava que eles se construíssem sozinhos. 
Já era mais fácil se olhar no espelho e ver aquelas marcas deixadas por ela e por outros, em algum momento da vida.
Neste momento estava procurando algum cartório. Queria tirar, construir, ou qualquer que seja esta definição, outra IDENTIDADE.
Agora sim, via a vida com olhos verdadeiros, olhos vindos de sua essência. Olhos cansados de tanto chorar, mas dispostos a observar o grande espetáculo que a vida tem para mostrar. 

segunda-feira, 7 de março de 2011

E.T.

Quantas vezes eu me sinto um E.T. ....
Fazendo coisas que eu mesmo um dia achei idiotice.
Me prestando a papéis tolos.
As vezes acho que não sou desse mundo.
Preocupada demais com certas coisas e pouco me importando com outras.

Gritando a minha liberdade sem saber que só sou livre mesmo dentro de mim; trancada no meu ser.
Quem entende? Não importa... Eu costumo não entender.
Com minhas mudanças e minhas doideiras ninguém precisa se acostumar, mas também não vou me afastar. Momentos difíceis todos têm.
Não costumo discutir com os fatos. Só não aceito as coisas como elas são.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Teatro dos Vampiros

Sempre precisei
De um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto...
E nesses dias tão estranhos
Fica a poeira
Se escondendo pelos cantos
Esse é o nosso mundo
O que é demais
Nunca é o bastante
E a primeira vez
É sempre a última chance
Ninguém vê onde chegamos
Os assassinos estão livres
Nós não estamos...
Vamos sair!
Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos
Estão procurando emprego...
Voltamos a viver
Como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas...
Vamos lá, tudo bem!
Eu só quero me divertir
Esquecer dessa noite
Ter um lugar legal prá ir...
Já entregamos o alvo
E a artilharia
Comparamos nossas vidas
E esperamos que um dia
Nossas vidas
Possam se encontrar...
Quando me vi
Tendo de viver
Comigo apenas
E com o mundo
Você me veio
Como um sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito...
Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo
Eu, homem feito
Tive medo
E não consegui dormir...
Vamos sair!
Mas estamos sem dinheiro
Os meus amigos todos
Estão, procurando emprego...
Voltamos a viver
Como a dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas...
Vamos lá, tudo bem
Eu só quero me divertir
Esquecer dessa noite
Ter um lugar legal prá ir...
Já entregamos o alvo
E a artilharia
Comparamos nossas vidas
E mesmo assim
Não tenho pena de ninguém...


Legião Urbana


Isso sim é riqueza!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

R-E-S-P-E-I-TO

Tenho pensado no que faz a diferença entre o hoje e o ontem e chegeui a uma conclusão meio óbvia: Respeito.
Não se usa mais respeitar o espaço do outro. É uma coisa ultrapassada, fora de moda. Bem, hoje é difícil respeitar a si próprio, quanto mais ao outro.
Me desrespeitaram hoje no ônibus. Invadiram meu espaço e o de outras pessoas num espaço público, o que é pior. Isso é realmente preocupante. Isso sim faz pensar que a humanidade não tem futuro. "Malditos como somos". O que esperar de um povo que não respeita o próximo nem em sociedade?
Que eu me mate, mas não prejudique o outro. Esse é realemnte um direito que eu não tenho e nada justifica fazê-lo.

Definição de respeito segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa:  Sentimento que nos impede de fazer ou dizer coisas desagradáveis a alguém.

O alicerce para reformular um país melhor é baseado nisso. Respeito. Se não há respeito ao próximo, continuará existindo  fome, violência e corrupção. 
Isso sim é necessário, em primeiro lugar.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Caos: A ordem natural das coisas

Coisa nenhuma tem sentido de existir, senão pelo seu antônimo. Afinal, só existe a mentira porque alguém, algum dia, inventou a verdade. Um jeito estranho de se pensar...
O caos é o jeito natural em que as coisas estão dispostas no espaço: ORDEM! Ou seja, a ordem natural das coisas é a DESORDEM!
Meu caos, minha ordem natural. Antônimos convivendo juntos, não sei se em harmonia, mas um dependendo do outro.
Isso não é fantástico?
Ver a beleza no feio não é difícil, afinal. Basta reparar um pouco. É bom lembrar que o belo demais pode acabar ficando feio.

Eu do meu lado aprendendo a controlar minha maluques misturada com minha lucidez...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Ovelha Negra

[...] Não adianta chamar
Quando alguém está perdido procurando se encontrar [...]


Rita Lee

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Vazio Cego

Eu vi minha vida passar
Eu vi a morte chegar
Imparcial, como parte fundamental da vida.
Eu chorei feridas,
Eu quis me perder em qualquer esquina.
Passei noites em claro
Vendo a escuridão que você deixou.
Tentei descobrir de onde eu vim e para onde eu vou. Em vão.
Minha santa ignorância jamais descobrirá.
Eu quis melhorar, alguém de quem você pudesse se orgulhar.
Eu quis, eu fiz, errei e chorei. Eu existi
Não da melhor forma, mas do jeito que consegui.

Lembranças de uma vida perdida
Num caminho sem volta
Onde minha alma se solta de mim mesma
E sem ter certeza pra onde vai...

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Simplicidade


Vai diminuindo a cidade
Vai aumentando a simpatia
Quanto menor a casinha
Mais sincero o bom dia

Mais mole a cama em que durmo
Mais duro o chão que eu piso
Tem água limpa na pia
Tem dente a mais no sorriso

Busquei felicidade
Encontrei foi Maria
Ela, pinga e farinha
E eu sentindo alegria

Café tá quente no fogo
Barriga não tá vazia
Quanto mais simplicidade
Melhor o nascer do dia 



Pato Fu

Tem algumas feridas que nunca saram, apenas cicatrizam.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Identidade

É muito fácil apontar o dedo e acusar uma pessoa de ter agido de alguma forma, que por algum motivo, achamos inadequado. Isso é um grande erro. Muitas vezes nos deparamos com situações que jamais imaginariamos enfrentar. E é nesses momentos de situações inusitadas que formamos nossa identidade. Não há como dizer: " Jamais farei isso!", ou: "Que absurdo, isso nunca acontecerá comigo!"... não é bem assim. Quase nunca as coisas acontecem como planejado e novos desafios aparecem. Fazemos coisas que antes poderíamos julgar inaceitáveis, mas que em certo momento tornam-se necessárias. Falar é muito fácil, agir já é bem diferente. É por isso que acho que a verdadeira identidade de cada um muda. As pessoas mudam, assim como as opiniões, as decisões...

Identidade nada mais é do que ter consciência de si mesmo. E de que somos feitos senão das nossas atitudes, ações, do saber fazer? Saber onde estamos, o que queremos...

Muito bem, quantas coisas inimagináveis já foram feitas? Eu já fui alvo do meu prórpio dedo apontado. Já fiz coisas que nunca imaginei fazer. E do futuro, o que posso esperar? Não sei, ninguém sabe. Como posso ser petulante o bastante para dizer que o meu eu de amanhã jamais fará isso ou aquilo? Não posso. Amanhã serei outra pessoa, com outra visão do mundo, em outras situações. E assim, realmente o eu de ontem jamais faria o mesmo que o eu de amanhã fará.

Termino dizendo o que um sábio homem do passado disse:


Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Eu quero dizer
Agora o oposto do que eu disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou[...]


Metamorfose ambulante
Raul Seixas

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Viagem

Quem sou eu pra falar da vida?
Sou muito menor do que  isso.

Brasil

Eu nunca fui de elogiar o Brasil. O meu país. Não é uma questão pessoal, muito pelo contrário, é uma questão social. Eu cresci tendo certas influências que aclamavam toda a sujeira existente aqui nessa terra. Políticos corruptos, fome desmedida, desordem, drogas, violência. Esse foi o lado do Brasil que eu sempre enxerguei. E é verdade. Nada do que minhas influências disseram é mentira. E por isso não acho o país nem um pouco justo com seu povo. Aquele brasileiro que trabalha dia e noite pra ter o que comer e no fim do mês só lhe é cobrado por tudo que trabalhou. Ainda acho estranho não pagarmos  pelo ar respeirado a cada dia. Isso sempre me indignou. E esse é um dos "melhores" tipos de vida. Sempre há um mendigo debaixo da ponte. Uma criança com fome. E um bolso milionário de político (isso quando não é a cueca milionária). O poderoso sistema, que eu duvido muito que seja destruído tão fácilmente. A culpa também é minha. Viver aqui e não ajudar quem precisa é concordar com o erro. Tem muito que melhorar, tem um país inteiro pra mudar.

Talvez por causa da ótima vida que levo aqui (é uma ótima vida, se comparada à de quem morre de fome), ainda há um sentimento em mim por esse lugar. Aqui é a minha casa, é o meu país. Acho que não seria feliz longe daqui, da minha gente. é impossível negar que eu venho de um Belo Horizonte...

 E independente de qualquer coisa:

Eu sou brasileira e não desisto nunca!
Eu preciso ter os pés no chão pra poder voar...

Vou sair pra ver o céu
Vou me perder entre as estrelas
Ver de onde nasce o sol
Como se guiam os cometas pelo espaço
e os meus passos
Nunca mais serão iguais

Se for mais veloz que a luz
Então escapo da tristeza
Deixo toda a dor pra trás
Perdida num planeta abandonado
no espaço

E volto sem olhar pra trás


No escuro do céu
Mais longe que o sol,

Perdido num planeta abandonado
no espaço



Busca Vida  
Os Paralamas do Sucesso

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Humano

O  silêncio diz muitas coisas. Eu já parei para ouvi-lo. Ele me disse coisas que há muito ninguém me dizia.
Ele acalma, traz paz.

Acho que eles são casados. O Silêncio e a Paz. Não são o par mais perfeito, mas combinam bastante. Às vezes, quem traz a Paz são as Palavras e seu pai, o Diálogo. Mas acho que isso é apenas amizade. Não é amor como o do Silêncio e da Paz. Eu fico me perguntando: Quem será que encontrou primeiro? Será que foi o Silêncio que encontrou a Paz, ou a Paz que encontrou o Silêncio?
Não importa. Importa que eles tem um vínculo muito forte. O que me preocupa um pouco são as brigas repentinas entre as Palavras e a Paz. O pai, Diálogo, é completamente contra esses desentendimentos. E por falar nisso, é muito amigo da Paz. O Diálogo só implica um pouco com o Silêncio. Acho que eles não se gostam muito.
O Silêncio nem sempre é necessário. De vez em quando ele é bastante inoportuno. E o Diálogo enxerga isso como ninguém. A Paz também sabe disso. Sabe que o Silêncio pode ser o mais especial, bom para todos e é nessas horas que a Paz lhe acompanha, mas também pode ser mesquinho, apegado a pequenas coisas. E com isso a Paz não concorda.
A Paz já pensou em se casar com o Diálogo porque ele seria sempre perfeito. Mas percebeu, com toda serenidade e sabedoria, que este casamento não daria certo. A casa que eles habitariam não existe, uma vez que ninguém consegue ter, por toda a vida, só momentos fáceis.

Ninguém é sempre tão sereno que não queira gritar.
Ninguém é sempre tão calmo que não queira brigar.

Me arrisco a dizer que não seria tão fantástico ser humano se a Paz e o Diálogo se casassem.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Por mais que eu pense
que eu sinta, que eu fale
tem sempre alguma coisa por dizer
 
Por mais que o mundo dê voltas
em torno do sol, vem a lua me
enlouquecer

La Bella Luna

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Meu nome não é Johnny

Meu nome não é Johnny. Por mais que eu queira, meu nome não é Johnny.
Meu nome não é Alice. Por mais que minha memória me traia, o espelho sempre irá me fazer lembrar... lembrar que meu nome não é Joana.
Lá estarão as marcas, as marcas que Lúcia não tem, pois meu nome não é Lúcia. As cicatrizes no meu rosto. A marca de cada caminho, de cada destino. Minhas lembranças.
Meu nome não é Antônio. Por mais que eu queira, meu nome não é Antônio.
Minhas escolhas, minhas decisões. Decisões que Denise não tomou, pois meu nome não é Denise.
Em cada consequência, em cada vulto do passado. Júlia não está lá, pois meu nome não é Júlia.
Não há como fugir. As evidências não me deixam.
Por mais que eu queira, meu nome não é Johnny.
É possível se trair consigo mesma?