segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Simplicidade


Vai diminuindo a cidade
Vai aumentando a simpatia
Quanto menor a casinha
Mais sincero o bom dia

Mais mole a cama em que durmo
Mais duro o chão que eu piso
Tem água limpa na pia
Tem dente a mais no sorriso

Busquei felicidade
Encontrei foi Maria
Ela, pinga e farinha
E eu sentindo alegria

Café tá quente no fogo
Barriga não tá vazia
Quanto mais simplicidade
Melhor o nascer do dia 



Pato Fu

Tem algumas feridas que nunca saram, apenas cicatrizam.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Identidade

É muito fácil apontar o dedo e acusar uma pessoa de ter agido de alguma forma, que por algum motivo, achamos inadequado. Isso é um grande erro. Muitas vezes nos deparamos com situações que jamais imaginariamos enfrentar. E é nesses momentos de situações inusitadas que formamos nossa identidade. Não há como dizer: " Jamais farei isso!", ou: "Que absurdo, isso nunca acontecerá comigo!"... não é bem assim. Quase nunca as coisas acontecem como planejado e novos desafios aparecem. Fazemos coisas que antes poderíamos julgar inaceitáveis, mas que em certo momento tornam-se necessárias. Falar é muito fácil, agir já é bem diferente. É por isso que acho que a verdadeira identidade de cada um muda. As pessoas mudam, assim como as opiniões, as decisões...

Identidade nada mais é do que ter consciência de si mesmo. E de que somos feitos senão das nossas atitudes, ações, do saber fazer? Saber onde estamos, o que queremos...

Muito bem, quantas coisas inimagináveis já foram feitas? Eu já fui alvo do meu prórpio dedo apontado. Já fiz coisas que nunca imaginei fazer. E do futuro, o que posso esperar? Não sei, ninguém sabe. Como posso ser petulante o bastante para dizer que o meu eu de amanhã jamais fará isso ou aquilo? Não posso. Amanhã serei outra pessoa, com outra visão do mundo, em outras situações. E assim, realmente o eu de ontem jamais faria o mesmo que o eu de amanhã fará.

Termino dizendo o que um sábio homem do passado disse:


Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Eu quero dizer
Agora o oposto do que eu disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou[...]


Metamorfose ambulante
Raul Seixas

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Viagem

Quem sou eu pra falar da vida?
Sou muito menor do que  isso.

Brasil

Eu nunca fui de elogiar o Brasil. O meu país. Não é uma questão pessoal, muito pelo contrário, é uma questão social. Eu cresci tendo certas influências que aclamavam toda a sujeira existente aqui nessa terra. Políticos corruptos, fome desmedida, desordem, drogas, violência. Esse foi o lado do Brasil que eu sempre enxerguei. E é verdade. Nada do que minhas influências disseram é mentira. E por isso não acho o país nem um pouco justo com seu povo. Aquele brasileiro que trabalha dia e noite pra ter o que comer e no fim do mês só lhe é cobrado por tudo que trabalhou. Ainda acho estranho não pagarmos  pelo ar respeirado a cada dia. Isso sempre me indignou. E esse é um dos "melhores" tipos de vida. Sempre há um mendigo debaixo da ponte. Uma criança com fome. E um bolso milionário de político (isso quando não é a cueca milionária). O poderoso sistema, que eu duvido muito que seja destruído tão fácilmente. A culpa também é minha. Viver aqui e não ajudar quem precisa é concordar com o erro. Tem muito que melhorar, tem um país inteiro pra mudar.

Talvez por causa da ótima vida que levo aqui (é uma ótima vida, se comparada à de quem morre de fome), ainda há um sentimento em mim por esse lugar. Aqui é a minha casa, é o meu país. Acho que não seria feliz longe daqui, da minha gente. é impossível negar que eu venho de um Belo Horizonte...

 E independente de qualquer coisa:

Eu sou brasileira e não desisto nunca!
Eu preciso ter os pés no chão pra poder voar...

Vou sair pra ver o céu
Vou me perder entre as estrelas
Ver de onde nasce o sol
Como se guiam os cometas pelo espaço
e os meus passos
Nunca mais serão iguais

Se for mais veloz que a luz
Então escapo da tristeza
Deixo toda a dor pra trás
Perdida num planeta abandonado
no espaço

E volto sem olhar pra trás


No escuro do céu
Mais longe que o sol,

Perdido num planeta abandonado
no espaço



Busca Vida  
Os Paralamas do Sucesso

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Humano

O  silêncio diz muitas coisas. Eu já parei para ouvi-lo. Ele me disse coisas que há muito ninguém me dizia.
Ele acalma, traz paz.

Acho que eles são casados. O Silêncio e a Paz. Não são o par mais perfeito, mas combinam bastante. Às vezes, quem traz a Paz são as Palavras e seu pai, o Diálogo. Mas acho que isso é apenas amizade. Não é amor como o do Silêncio e da Paz. Eu fico me perguntando: Quem será que encontrou primeiro? Será que foi o Silêncio que encontrou a Paz, ou a Paz que encontrou o Silêncio?
Não importa. Importa que eles tem um vínculo muito forte. O que me preocupa um pouco são as brigas repentinas entre as Palavras e a Paz. O pai, Diálogo, é completamente contra esses desentendimentos. E por falar nisso, é muito amigo da Paz. O Diálogo só implica um pouco com o Silêncio. Acho que eles não se gostam muito.
O Silêncio nem sempre é necessário. De vez em quando ele é bastante inoportuno. E o Diálogo enxerga isso como ninguém. A Paz também sabe disso. Sabe que o Silêncio pode ser o mais especial, bom para todos e é nessas horas que a Paz lhe acompanha, mas também pode ser mesquinho, apegado a pequenas coisas. E com isso a Paz não concorda.
A Paz já pensou em se casar com o Diálogo porque ele seria sempre perfeito. Mas percebeu, com toda serenidade e sabedoria, que este casamento não daria certo. A casa que eles habitariam não existe, uma vez que ninguém consegue ter, por toda a vida, só momentos fáceis.

Ninguém é sempre tão sereno que não queira gritar.
Ninguém é sempre tão calmo que não queira brigar.

Me arrisco a dizer que não seria tão fantástico ser humano se a Paz e o Diálogo se casassem.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Por mais que eu pense
que eu sinta, que eu fale
tem sempre alguma coisa por dizer
 
Por mais que o mundo dê voltas
em torno do sol, vem a lua me
enlouquecer

La Bella Luna

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Meu nome não é Johnny

Meu nome não é Johnny. Por mais que eu queira, meu nome não é Johnny.
Meu nome não é Alice. Por mais que minha memória me traia, o espelho sempre irá me fazer lembrar... lembrar que meu nome não é Joana.
Lá estarão as marcas, as marcas que Lúcia não tem, pois meu nome não é Lúcia. As cicatrizes no meu rosto. A marca de cada caminho, de cada destino. Minhas lembranças.
Meu nome não é Antônio. Por mais que eu queira, meu nome não é Antônio.
Minhas escolhas, minhas decisões. Decisões que Denise não tomou, pois meu nome não é Denise.
Em cada consequência, em cada vulto do passado. Júlia não está lá, pois meu nome não é Júlia.
Não há como fugir. As evidências não me deixam.
Por mais que eu queira, meu nome não é Johnny.
É possível se trair consigo mesma?