segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Amplificador Distorcido

Eu tenho medo. Medo do seu poder, da sua ganância e da sua ausência de limites.
Eu tenho medo porque você não respeita os meus direitos, tenho medo de passar fome por sua causa,
de perder pessoas por sua causa e tenho medo de morrer por sua causa.
Você que mora no esgoto, seja mais que um ladrão. Reconheça que existem outras coisas além
do dinheiro sujo de sangue que você ganha.
A sua gravata é tão sórdida quanto o papel que você usa.
Seu cinismo me enoja e gente igual a você não me representará nunca.
Pobre desse meu povo que tem você como amplificador distorcido.
Seu nome é Político e seu sobrenome é Desonesto.
Todas as suas atitudes só alimentam minha desilusão e assim eu reafirmo.
Enquanto isso não terminar, meu voto ninguém terá.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Excruciante

Os gritos abafados daquela criança revelavam uma vontade enorme de não sentir aquela dor. Abraçava-se de forma estranha, como se quisesse desaparecer.  Suposto fato atroz dominava a atmosfera da sua vida. O que teria realmente acontecido ela não sabia, mas para causar tamanha dor bastava a dúvida. Não ouviria mais aquelas vozes? Não abraçaria mais aquelas pessoas? Ela preferia morrer a sentir a ausência. Era como se destruísse um pedaço do coração a cada nascer do dia. A lembrança não lhe abandonava. Para viver daquele jeito, a cada segundo sentindo o gosto amargo da morte, preferia partir de uma vez, sentir toda aquela dor pela última vez e definitivamente.
Tomando coragem, olhava para os braços e para a faca que se encontrava ao lado da cama. Via aquela macabra imagem infinitas vezes, revivia aquele momento terrível mais e mais uma vez. Não estava mais aguentando. Respirou fundo. Quis gritar e nunca ter existido. Pediu perdão a Deus por sua covardia e fraqueza. Ela não superaria aquela hipótese. Se contorcendo e gemendo baixo, as lágrimas já transbordando, olhou uma última vez para aquele instrumento cortante. Pegou-o com muita força, apertou-o contra o peito. Disse os doces nomes das pessoas que mais amava e sorriu. Serena, mais leve e viva começou a perfurar o pulso direito.  O sangue vermelho escuro começou a escorrer e contrastar com a camiseta branca.
Por incrível que pudesse parecer, a dor física era reconfortante perto da dor causada pelo possível fato recente. Para onde iria ela não sabia, mas não tinha medo, não se importava. Queria apenas esquecer por um segundo, deixar de respirar, deixar de sentir aquela dor.
Em seu último suspiro, reviveu em um segundo o que levou alguns anos para acontecer. E lembrou-se da feliz vida que teve.
Então partiu, doce, serena, como sempre foi. Como uma manhã de Natal.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Vaidade

Nove máscaras, nove desejos, nove omissões, nove crimes
nove mentiras e nove loucuras.
As dores do meu coração fariam você me dizer a verdade?
Mas você não se importa com ninguém.
Olhe nos meus olhos e olhe para você. Isso não te fará melhor.
É só a imagem, o reconhecimento de pessoas que não sabem nada sobre você e não estarão ao seu lado quando cair.
É apenas questão de opinião, caráter e consciência limpa.
Mas você se acha tão esperto, você está tão certo que você nunca vai errar.
Quisera eu te dizer o quanto vale sua imagem bem vista na praça.
Você sabe o que é ser honesto?
Grande passo seria honestidade consigo mesmo.
Mas não. Para você, o espelho revela somente aquilo que você mostra.
Liberte-se das suas mil imagens tricotadas.
Esqueça a opinião alheia, mais vale uma verdade do que mil mentiras bem contadas.
A maldade é degrau acessível, caminho de pedras é a benevolência.
Sinal de respeito é oferecer a verdade. Crueldade é impor a mentira.
E que sua recompensa venha a cavalo, trazendo flores para mostrar o melhor caminho.