sábado, 9 de abril de 2011

Sacola no Liquidificador

O que faz essa loucura? Este medo que paralisa, este gosto amargo da paranóia.
Quero me mexer, mas minhas pernas não me obedecem.
Quero gritar, mas a voz não sai da garganta.
Medo de temer, medo de ter, medo de perder.
Sacolas no liquidificador, tentar evitar o futuro, ou pelo menos fazer com que ele aconteça de uma forma menos dolorosa.
Deixe-me aqui quieto, mas não demore a vir me buscar.
Não esqueça de rezar por mim. Por favor, não...
Medo, medo da chuva, medo do escuro, medo da morte.
Medo puro e simples. Medo do novo, aquilo que paralisa.
Ahhhhhhhhhhh
As sacolas no liquidificador, para evitar que um dia nos falte. Nos falte o quê? Não sei. Só espero que não falte.
Também não importa. Importa é que estejamos seguros. Seguros de quê? Também não sei. Seguros de tudo, de qualquer coisa.
Medo. Paranóia.
Homem que nada teme é homem que nada ama...
E o homem que teme demais?

2 comentários:

  1. O homem que teme demais nada arrisca, perde a oportunidade de gerar boas lembranças e se esquiva da felicidade. No fim da vida, apenas o que ele vê são sacolas no liquidificador. Todas que ele colocou sem saber porquê. Toda a prudência que usou em excesso. Toda a falta de utilidade do plástico que ficou sempre girando cortado dentro da sua cápsula segura.

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  2. Seu comentário é mais rico que um post.

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