sexta-feira, 7 de dezembro de 2012


Crisálida
Há quanto tempo ninguém visita este corpo? E quanto tempo mais continuará sem que ninguém o encontre? Pode parecer estranho, mas a casca é pequena demais para o que existe lá dentro. É pouco, estreito e sombrio. O espírito quer algo a mais, um escapismo, um êxtase consumado, a perpetuação do momento. Paradoxo perfeito que a todo instante se confirma. Há a necessidade de estar junto de outra casca e até de compartilhá-la. Mas por sua própria casca é aprisionada e impedida de desfrutar do infinito. E até onde esta casca é sua? Ela se degrada com o tempo, entristece. O espírito não. Então talvez o problema seja este. Não apenas a vontade de que alguém faça companhia à sua casca, mas à essência também. Alguém que pudesse acompanhar no ato de ser. Pudesse brindar à existência como uma graça, algo suave e desejado. Que pudesse brindar apenas pelo fato de estar junto em qualquer lugar, no infinito, na casca, no momento.