Mesmo sem fazer jejum nem quarentena, a Páscoa aconteceu de um jeito que não esperava.
Dentre tantas coisas que o dia apresenta hoje, uma delas me chama atenção. Como pode existir um ser tão pequeno e tão limitado e ao mesmo tempo ser o ser mais complexo e imenso? Não sei, mas eu sou esse ser. Há algum tempo parei para pensar nas pessoas, sobre elas. Sem dúvida, a vida mais completa e mais bonita criada por Deus. É também a mais mesquinha, dotada de uma pequenez incrível. Sou muito mais do que eu mesma posso imaginar e dizer. Sou como o mar, uma imensidão que talvez eu nunca conhecerei por completo. Talvez não seja capaz de mergulhar em mim mesma e descobrir os meus mais profundos segredos. Eu sou infinita e limitada dentro de mim.
Também hoje pude perceber o mal que existe em mim. Ingrata, ridícula e limitada. Pequena, mesquinha e injusta. Todos por mim e eu por ninguém. Do que vale tudo que tenho se não sei reconhecer tudo que preciso ser? É muito mais que um chocolate ou um ovo de Páscoa. Falo da bondade, do perdão, da atitude nobre. De querer o bem mais que tudo. De tudo que são para mim e de tudo que não sou para ninguém.
Pobre, pobre por achar que faço alguma coisa de útil, de bom.
Agora vejo o quanto sou puxada para trás quando acredito em verdades ignorantes.
Hoje, uma das páscoas que mais valeu à penas viver. Sim, apenas por ter tido esse sentimento. A percepção de que o mundo continua sem mim, mas eu não continuo sem o mundo, seja este qual for.
Fragmentos de pensamentos, experiências, sentimentos e emoções. Sem métrica ou regras para que seja o mais livre possível. Fragmentos de vida, pedaços de mim.
domingo, 24 de abril de 2011
domingo, 10 de abril de 2011
Carpinteiro do Universo
Raul Seixas
Carpinteiro do universo inteiro eu sou
Não sei por que nasci
Pra querer ajudar a querer consertar
O que não pode ser
Não sei, pois nasci para isso e aquilo
E o enguiço de tanto querer
Carpinteiro do universo inteiro eu sou
Estou sempre
Pensando em aparar o cabelo de alguém
E sempre tentando mudar a direção do trem
À noite a luz do meu quarto eu não quero apagar
Pra que você não tropece na escada quando chegar
Carpinteiro do universo inteiro eu sou
Carpinteiro do universo inteiro eu sou
O meu egoísmo é tão egoísta
Que o auge do meu egoísmo é querer ajudar
Mas não sei por que nasci
Pra querer ajudar a querer consertar
O que não pode ser
Não sei, pois nasci para isso e aquilo.
E o enguiço de tanto querer
Carpinteiro do universo inteiro eu sou
Carpinteiro do universo inteiro eu sou, assim.
No final
Carpinteiro de mim
Carpinteiro do universo inteiro eu sou
Não sei por que nasci
Pra querer ajudar a querer consertar
O que não pode ser
Não sei, pois nasci para isso e aquilo
E o enguiço de tanto querer
Carpinteiro do universo inteiro eu sou
Estou sempre
Pensando em aparar o cabelo de alguém
E sempre tentando mudar a direção do trem
À noite a luz do meu quarto eu não quero apagar
Pra que você não tropece na escada quando chegar
Carpinteiro do universo inteiro eu sou
Carpinteiro do universo inteiro eu sou
O meu egoísmo é tão egoísta
Que o auge do meu egoísmo é querer ajudar
Mas não sei por que nasci
Pra querer ajudar a querer consertar
O que não pode ser
Não sei, pois nasci para isso e aquilo.
E o enguiço de tanto querer
Carpinteiro do universo inteiro eu sou
Carpinteiro do universo inteiro eu sou, assim.
No final
Carpinteiro de mim
sábado, 9 de abril de 2011
Sacola no Liquidificador
O que faz essa loucura? Este medo que paralisa, este gosto amargo da paranóia.
Quero me mexer, mas minhas pernas não me obedecem.
Quero gritar, mas a voz não sai da garganta.
Medo de temer, medo de ter, medo de perder.
Sacolas no liquidificador, tentar evitar o futuro, ou pelo menos fazer com que ele aconteça de uma forma menos dolorosa.
Deixe-me aqui quieto, mas não demore a vir me buscar.
Não esqueça de rezar por mim. Por favor, não...
Medo, medo da chuva, medo do escuro, medo da morte.
Medo puro e simples. Medo do novo, aquilo que paralisa.
Ahhhhhhhhhhh
As sacolas no liquidificador, para evitar que um dia nos falte. Nos falte o quê? Não sei. Só espero que não falte.
Também não importa. Importa é que estejamos seguros. Seguros de quê? Também não sei. Seguros de tudo, de qualquer coisa.
Medo. Paranóia.
Homem que nada teme é homem que nada ama...
E o homem que teme demais?
Quero me mexer, mas minhas pernas não me obedecem.
Quero gritar, mas a voz não sai da garganta.
Medo de temer, medo de ter, medo de perder.
Sacolas no liquidificador, tentar evitar o futuro, ou pelo menos fazer com que ele aconteça de uma forma menos dolorosa.
Deixe-me aqui quieto, mas não demore a vir me buscar.
Não esqueça de rezar por mim. Por favor, não...
Medo, medo da chuva, medo do escuro, medo da morte.
Medo puro e simples. Medo do novo, aquilo que paralisa.
Ahhhhhhhhhhh
As sacolas no liquidificador, para evitar que um dia nos falte. Nos falte o quê? Não sei. Só espero que não falte.
Também não importa. Importa é que estejamos seguros. Seguros de quê? Também não sei. Seguros de tudo, de qualquer coisa.
Medo. Paranóia.
Homem que nada teme é homem que nada ama...
E o homem que teme demais?
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Inocência
Um doce, uma bala
O balanço.
Balanço do vento, balanço das folhas
Balanço das palavras que dizíamos no passado
bla, bla, bla,
Como isso era importante para mim!
O carinho, a peteca.
A amizade fácil, gentil.
O ombro amigo de uma forma tão sutil.
Inocência.
O que de mais valor existia era a amizade.
Uma bala dividida.
Os quatro cantos.
Onde você se escondeu?
As promessas.
Juramos, num dia de sol, aquilo tudo seria para sempre.
E por que não é?
Amigo, onde você está?
Saudade daquela época.
Caretas, o medo das histórias de terror.
O cheiro da flor.
A saudade que tenho de você.
O suspiro que dou ao me lembrar daquilo tudo.
Passado.
Eu era feliz.
Eu era inocente.
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