domingo, 24 de abril de 2011

Páscoa

Mesmo sem fazer jejum nem quarentena, a Páscoa aconteceu de um jeito que não esperava.



Dentre tantas coisas que o dia apresenta hoje, uma delas me chama atenção. Como pode existir um ser tão pequeno e tão limitado e ao mesmo tempo ser o ser mais complexo e imenso? Não sei, mas eu sou esse ser. Há algum tempo parei para pensar nas pessoas, sobre elas. Sem dúvida, a vida mais completa e mais bonita criada por Deus. É também a mais mesquinha, dotada de uma pequenez incrível. Sou muito mais do que eu mesma posso imaginar e dizer. Sou como o mar, uma imensidão que talvez eu nunca conhecerei por completo. Talvez não seja capaz de mergulhar em mim mesma e descobrir os meus mais profundos segredos. Eu sou infinita e limitada dentro de mim.


Também hoje pude perceber o mal que existe em  mim. Ingrata, ridícula e limitada. Pequena, mesquinha e injusta. Todos por mim e eu por ninguém. Do que vale tudo que tenho se não sei reconhecer tudo que preciso ser? É muito mais que um chocolate ou um ovo de Páscoa. Falo da bondade, do perdão, da atitude nobre. De querer o bem mais que tudo.  De tudo que são para mim e de tudo que não sou para ninguém.
Pobre, pobre por achar que faço alguma coisa de útil, de bom.
Agora vejo o quanto sou puxada para trás quando acredito em verdades ignorantes.

Hoje, uma das páscoas que mais valeu à penas viver. Sim, apenas por ter tido esse sentimento. A percepção de que o mundo continua sem mim, mas eu não continuo sem o mundo, seja este qual for.

domingo, 10 de abril de 2011

Carpinteiro do Universo

Raul Seixas
Carpinteiro do universo inteiro eu sou
Não sei por que nasci
Pra querer ajudar a querer consertar
O que não pode ser

Não sei, pois nasci para isso e aquilo
E o enguiço de tanto querer
Carpinteiro do universo inteiro eu sou

Estou sempre
Pensando em aparar o cabelo de alguém
E sempre tentando mudar a direção do trem
À noite a luz do meu quarto eu não quero apagar
Pra que você não tropece na escada quando chegar

Carpinteiro do universo inteiro eu sou
Carpinteiro do universo inteiro eu sou

O meu egoísmo é tão egoísta
Que o auge do meu egoísmo é querer ajudar
Mas não sei por que nasci
Pra querer ajudar a querer consertar
O que não pode ser

Não sei, pois nasci para isso e aquilo.
E o enguiço de tanto querer
Carpinteiro do universo inteiro eu sou
Carpinteiro do universo inteiro eu sou, assim.
No final
Carpinteiro de mim


sábado, 9 de abril de 2011

Sacola no Liquidificador

O que faz essa loucura? Este medo que paralisa, este gosto amargo da paranóia.
Quero me mexer, mas minhas pernas não me obedecem.
Quero gritar, mas a voz não sai da garganta.
Medo de temer, medo de ter, medo de perder.
Sacolas no liquidificador, tentar evitar o futuro, ou pelo menos fazer com que ele aconteça de uma forma menos dolorosa.
Deixe-me aqui quieto, mas não demore a vir me buscar.
Não esqueça de rezar por mim. Por favor, não...
Medo, medo da chuva, medo do escuro, medo da morte.
Medo puro e simples. Medo do novo, aquilo que paralisa.
Ahhhhhhhhhhh
As sacolas no liquidificador, para evitar que um dia nos falte. Nos falte o quê? Não sei. Só espero que não falte.
Também não importa. Importa é que estejamos seguros. Seguros de quê? Também não sei. Seguros de tudo, de qualquer coisa.
Medo. Paranóia.
Homem que nada teme é homem que nada ama...
E o homem que teme demais?

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Inocência

Um doce, uma bala
O balanço.
Balanço do vento, balanço das folhas
Balanço das palavras que dizíamos no passado
bla, bla, bla, 
Como isso era importante para mim!

O carinho, a peteca.
A amizade fácil, gentil.
O ombro amigo de uma forma tão sutil.


Inocência. 
O que de mais valor existia era a amizade.
Uma bala dividida.
Os quatro  cantos.
Onde você se escondeu?


As promessas.
Juramos, num dia de sol, aquilo tudo seria para sempre.
E por que não é?

Amigo, onde você está?
Saudade daquela época. 
Caretas, o medo das histórias de terror.


O cheiro da flor.
A saudade que tenho de você.
O suspiro que dou  ao me lembrar daquilo tudo.


Passado.
Eu era feliz.
Eu era inocente.