sábado, 28 de janeiro de 2012

Amizade

Duas amigas conversando:
- Nossa, ontem eu trabalhei tanto! Fiquei em pé o dia todo...
- Eu fiquei o dia todo na faculdade. Tive uma prova de Cálculo ontem. Só não zerei porque acertei o item a da primeira questão.
- Quantas questões tinha a prova?
- 10.
- Toca ai, nós estamos feitas.
- Eu sinto saudades daquele tempo. Daquelas horas que conversávamos sobre o nada a achávamos que a vida era dura. Sinto falta do nível mais baixo de responsabilidade que se pode ter. Sinto falta da sua gargalhada quando fazíamos alguma coisa errada ou quando surgia uma briga idiota por causa de trabalho bobo. Sinto falta daquele "gostar" inocente, aquilo era o máximo que sentíamos pelos garotos. Eu sinto falta de sair a noite, sentar na calçada e ficar comentando sobre as pessoas na rua. - e olhou para a amiga que estava com os olhos cheios d'água.
- Eu também sinto falta. Aquele povo lá do serviço só serve pra falar mal dos que estão trabalhando. É um querendo derrubar o outro, querendo tomar o cargo do outro. Nenhum sinal de harmonia. É tenso.
- Mas agora é vida nova ne?! Nada de tempo pra conversar sobre o nada. Agora é "ralar" de segunda a sexta, das 7:30 da manhã ás 00:00. Sábado? Apenas para estudar as matérias da faculdade. E se sobrar alguns minutinhos, quem sabe pausa para descanso!
- Mas você sabe... eu guardo as nossas conversas comigo, guardo tudo. Desde nossos momentos de depressão aos de maior euforia! E eu vou lembrar pra sempre que eu sempre tinha seu ombro em todos esses momentos.
- Ah é, pilantra? Que eu saiba você sempre teve muito mais que meu ombro. Teve meu abraço, meu alento e até minhas roupas! - E ficaram ali, sentadas na praça, rindo e lembrando de todas aquelas situações que haviam passado juntas.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Chuva

Talvez eu seja uma egoísta mimada que só pensa no próprio mundo, no que quer fazer e no que não quer que aconteça. Mas se eu não souber dar conta de mim mesma, como poderei dizer ou querer qualquer outra coisa fora de mim? Ainda tenho que fazer muita coisa, mas antes preciso me convencer daquilo que quero dizer ao mundo. 
A chuva cai forte e eu consigo me sentir atraída por ela. Me causa medo, ao mesmo tempo que me é tentadora. É irresistível a vontade de fazer parte dela. Os relâmpagos me dizem algo que eu preciso ouvir, mas não consigo entender. 
Enfim, eu aqui assistindo a tudo isso acontecer, a chuva chover, o vento soprar...e eu olhando como boa espectadora que sou. Então, já que não posso fazer parte disso, o único jeito de atuar é em mim mesma. A única coisa da qual faço parte realmente.
Entretanto, Eu não sou totalmente minha. Um dia meu corpo se calará, perderá meus movimentos, se cegará. Assim, eu não terei mais espaço delimitado. Culminarei enfim, engolindo minha existência.

Mas antes ainda há muito para fazer, me curar das doenças que mais repudio, negar aquilo que sou e me convencer daquilo que defendo. 
Então, quando os meus atos condizerem com meus pesamentos, ai sim serei livre.
Livre para tentar mudar o mundo, pois a mim já terei mudado.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Sobre mim

Perdida no tempo, sem noção de espaço ou de qualquer outra coisa.
Já não me lembro mais que dia é hoje. O ontem parece tão distante e o amanhã, aparenta não querer chegar. Não sei mais porque estou aqui, não sinto mais meus pés no chão. Olho ao meu redor e não vejo nada além da poeira que o vento levantou. Os escombros revelam que uma grande tristeza se abateu sobre esse lugar, sobre mim. Aquela velha música ainda soa suavemente aos meus ouvidos e tudo aquilo que faz parte de mim já não faz mais sentido. 
Meus pés estão cansados de tanto andar, de procurar algo significativo. Não vejo mais motivo para continuar aqui. Não sinto nada, não vejo nada, não quero nada.
Não sei se tudo isso é a existência de um lugar vazio ao meu lado, se é perda daquilo que se guardava. Eu não sei. Talvez a dor tenha sido tão forte, que me fez esquecer. Esquecer do ontem, do hoje e do que mais estiver por vir. 
Nada faz sentido, nada. Aquelas coisas que me constituíam hoje estão em pedaços. E olhar para esses cacos dói. Dói porque a única lembrança que tenho de mim mesma é a imagem do meu rosto refletida no espelho. Esqueci meu nome, quem eu sou.
E sobre mim, a única coisa que consigo saber é que estou perdida no tempo e para onde eu olho, tudo que vejo é a poeira que o vento levantou.