quinta-feira, 17 de março de 2011

Des-Construindo Amélia

Já é visível onde ela se perdera da sua identidade. Perdeu numa dessas esquinas da vida, conversando com alguns amigos e em conflito consigo mesma. Se não fossem nessas circunstâncias, teria sido em outras, por outros motivos. Essa perda foi fundamental. Aquela velha identidade perdida talvez não fosse a verdadeira. 
Neste momento caía por terra todo e qualquer conceito que ela contruíra com tanto esforço. As definições de certo e errado desapareceram de seua mente. Agia apenas com a emoção. Era sua essência.Culpada ou inocente? Tanto faz. Na vida, em algum momento, todos são réus e sem culpa.
Apenas algum tempo depois foi percebendo que ela própria se destruiu e não estava se reconstruindo, estava apenas lambendo seus cacos. O que faria agora? Nem ela, nem ninguém sabia. Estava vivendo naquela angústia, a procura de uma identidade velha e perdida que, por algum motivo, ela julgava ser a verdadeira. Estava enganada.
Foi cavando e revirando as coisas dentro de si. Procurando retratos velhos que lhe mostrassem quem ela era. Em vão. Desesperada, procurava explicações. Estava sucumbindo pouco a pouco e lavndo consigo as suas relações. Estava tudo em destroços e agora ela procurava se reerguer.
Conheceu alguém que lhe falava dela mesma, coisas que ela não reconhecia conscientemente. De tanto procurar e pensar, foi descobrindo toda a verdade sobre si mesma. Descobriu que era impossível encontrar aquela identidade perdida. Até porque, aquela não era a verdadeira. Percebeu a imensidão que era. Aceitou seus defeitos. Tudo agora parecia mais claro, mas não era fácil saber de sua existência. Pouco a pouco reconstruía seus conceitos, ou até mesmo deixava que eles se construíssem sozinhos. 
Já era mais fácil se olhar no espelho e ver aquelas marcas deixadas por ela e por outros, em algum momento da vida.
Neste momento estava procurando algum cartório. Queria tirar, construir, ou qualquer que seja esta definição, outra IDENTIDADE.
Agora sim, via a vida com olhos verdadeiros, olhos vindos de sua essência. Olhos cansados de tanto chorar, mas dispostos a observar o grande espetáculo que a vida tem para mostrar. 

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