sábado, 23 de junho de 2012

Fingida Feição do Espelho


Ela se olhou no espelho e começou a tirar todas aquelas máscaras que cobriam seu verdadeiro rosto. A primeira a ser removida foi a vaidade. Era dentre todas, a máscara mais bonita. Vinha num tom vermelho brilhante, mas era também a mais fina, a mais frágil. 
A segunda máscara se chamava egoísmo. Essa era azul-escuro e foi uma das mais difíceis  de ser tirada, tinha o formato exato de seu rosto.  
A cada máscara que ia tirando, as lágrimas iam escorrendo. Se sentia limpa e livre, como jamais sentira antes. Quanto mais se despia, mais profundo ia. Começava a se conhecer de verdade e pela primeira vez, desde que estreou nesta vida.
Por fim, a última máscara que se arriscava a tirar era o orgulho. Essa impregnava seu rosto. Era preta e a mais grossa. O disfarce começava  a derreter, gerando pingos grandes na pia branca do banheiro. Doía muito se ver livre daquilo. Tirava com cuidado e de vagar, para ir se acostumando. Quando conseguiu terminar, seu rosto estava na carne viva. Mas ela estava bela. Bela como nunca, bela de verdade, nua e crua. Pronta para enfrentar os maiores desafios da vida, sem medo, sem apego, sem posse. Estava tão livre, que poderia até voar. E ali, em frente ao espelho, ela encontrou a felicidade. 

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